DEOLINDO AMORIM

ALLAN KARDEC

Apresentação da obra:

Há pretensões que, por aberrarem das normas do bom senso, são de todo injustificáveis. Tal seria, por exemplo, a de prefaciar uma obra de Deolindo Amorim, principalmente quando se trata de obra destinada ao meio espírita, como é o caso desta. O autor, cujo nome é por demais conhecido, admirado e respeitado entre nós, dispensa qualquer apresentação. Tais e tamanhos são os seus notórios méritos, que um prefácio nada viria acrescentar ao seu renome, por mais ilustre que fosse o nome do prefaciador.

Por aí se vê, claramente, que outros, bem outros, são os motivos pelos quais compareço no limiar desta obra. Minha presença aqui, aliás, sobremodo honrosa para mim, só se justifica pela amizade do distinto casal, Demétrio e Vânia, dedicados diretores do Instituto Maria e do Instituto de Cultura Espírita de Juiz de Fora e responsáveis pela feliz iniciativa de publicar esta obra, reprodução de uma conferência proferida pelo autor naquela cidade.

Pediram-me eles, gentilmente, ao ensejo de uma visita com que me brindaram, que eu escrevesse algumas palavras que à obra servissem de... de... de que mesmo não logrei perceber de pronto. Mas, para que eu não alimentasse mais dúvidas quanto aos objetivos visados, puseram-me logo nas mãos os originais do trabalho, que vi imediatamente tratar-se de uma biografia de Kardec.

Depois de lê-los atentamente, compreendi, então, já Inteiramente aliviado que o que eles discreta e delicadamente me solicitavam não era um prefácio, uma introdução, um preâmbulo, um proêmio, um prólogo, um antelóquio, ou que outro nome se lhe queira dar, mas apenas, como realmente me conviria, a opinião de um leitor e, diga-se de passagem, de um leitor que, por força de imerecida distinção, veio a ser o mais privilegiado dos leitores.

De inicio, parece-me relevante lembrar que uma biografia deve ser, antes de mais nada e, acima de tudo, obra de amor, na qual o biógrafo, sem que nem de leve o pretenda, reflita, no conjunto, como nos detalhes, sua integração com o pensamento, o sentimento e, sobretudo, com a vida do biografado. Ora, em se tratando de biografar Kardec, ninguém mais qualificado, em nosso meio, para a execução dessa tarefa, do que Deolindo Amorim.

É ele, com efeito, dentre quantos militam na tribuna e na imprensa espíritas, quem mais conhece, mais sente e mais vive Kardec. Sua obra é, pois, por todos os títulos, obra autêntica, porque obra filha de sua inteligência, de seu coração, de sua vida. Não foi sem encanto e embevecimento que a li e a li, forçoso é dizê-lo, sob a pressão de múltiplas e urgentes obrigações.

Nada obstante, não pude resistir ao desejo de ir imediatamente ao fim, tão preso me achava à leitura, cujo conteúdo se me afigurava um prato de delicioso manjar, que eu saboreava com requintes de glutonaria. Eu sentia, antes de lê-la, que era indiscutivelmente grandiosa a figura do codificador.

Mas, depois que o vi fiel e admiravelmente retratado por Deolindo, como o homem, que soube compreender e superar as influências de seu meio e sua época, e como o missionário, que, em nenhum momento, sucumbiu ao peso de suas tremendas responsabilidades, senti, não me envergonho de confessá-lo, que ele era muito maior do que eu julgava.

Deolindo fez uma biografia à altura do biografado e a fez com aquele estilo leve e aquela linguagem didática, a que não faltam a clareza e a precisão, a fluência e a simplicidade, a correção e a concisão, qualidades, aliás, que nele todos nós aprendemos a admirar. Sua biografia não é simplesmente mais uma dentre quantas se têm escrito sobre a figura do codificador.

Tem ela, para mim, sobre as demais, o mérito de ser, como está nas próprias intenções do autor, uma biografia eminentemente didática. Didática, sim, não no sentido de que, ao elaborá-la, o autor se tenha proposto presunçosamente ministrar algum “ensino”, mas no sentido de que ele se propôs humildemente, como ele mesmo o declara, “colher dados para o aprendizado”.

Rubens C. Romanelli

Belo Horizonte, Maio de 1976

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (O Espiritismo De Kardec Aos Dias De Hoje - Filme Completo (Documentário Produzido pela Federação Espírita do Brasil)

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (A História do Espiritismo - Allan Kardec O Codificador da Doutrina Espírita)

"Para que compreendamos bem o papel que lhe coube desempenhar, precisamos reler Kardec, pois ele não se limitou à compilação sistemática. Interveio várias vezes, sensatamente, reformulando perguntas e provocando respostas mais elucidativas. Isto quer dizer, portanto, que a argúcia e o senso crítico de Allan Kardec penetraram em questões das mais delicadas, dando motivo a comentários pessoais e apreciações meditadas.

Abramos O Livro dos Espíritos, principalmente, e lá encontraremos valiosos comentários de “pé de página”, o que demonstra, à saciedade, que Allan Kardec teve participação ativa e necessária colaboração da Doutrina, conquanto os ensinos básicos sejam dos Espíritos, o que, aliás, já é notório."

Deolindo Amorim "Allan Kardec (Biografia)"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos

 

Deolindo Amorim - Allan Kardec (Biografia)