Berthe Fropo
MUITA LUZ

Berthe Fropo
BEAUCOUP DE LUMIÈRE
1884, Paris, França
Imprimerie Polyglotte

2 ª EDIÇÃO
REVISADA E AMPLIADA

Tradução:
Ery Lopes
Rogério Miguez

Revisão:
Jorge Hessen

 

Portal Luz Espírita

AKOL-AllanKardec.online

Apresentação da obra:

Um achado valioso

Apresentamos a todos um verdadeiro achado histórico, valiosíssimo especialmente para os espíritas mais atentos com a própria historiografia do Espiritismo: a brochura Beaucoup de Lumière, obra de Berthe Fropo. Publicada em Paris no ano de 1884, editada de forma independente e impressa pela casa Imprimerie Polyglotte, este pequeno livro parece não ter obtido a devida notoriedade e provavelmente deve ter caído no esquecimento já mesmo dos seus contemporâneos, inclusive sem alcançar a repercussão pretendida pela sua autora.

E é certo que passou totalmente despercebido pelas gerações subsequentes, assim permanecendo até recentemente, depois que a Biblioteca Nacional da França, através de seu portal Gallica, digitalizasse e o dispusesse online ao alcance de todos.

Foi por aí que esse tesouro acabou sendo garimpado por pesquisadores espíritas brasileiros e posto em análise, como subsídio ímpar para uma reinterpretação acerca da historiografia do movimento espírita, ensejando-nos destacar aqui duas obras recém-publicadas que colocaram a brochura de Madame Berthe Fropo em evidência: Em Nome de Kardec, de Adriano Calsone, e Revolução Espírita: a teoria esquecida de Allan Kardec, de Paulo Henrique de Figueiredo.

A Beaucoup de Lumière, de fato, é uma preciosa fonte de informações que nos ajudam a compreender melhor o desenvolvimento — e os percalços — das atividades espíritas, principalmente nos primeiros anos após o desencarne do codificador da Doutrina Espírita, e o paradeiro do plano de continuação das obras de Allan Kardec para a propagação do Espiritismo.

Como se sabe, o kardecismo, que tão fortemente influenciou a França — e daí para o resto da Europa e outras partes do mundo —, não manteve aquela vertiginosa crescente alcançada nas décadas de 1850 e 1860, como Kardec registrava continuamente através da sua Revista Espírita.

Ao contrário, desfaleceu-se quase que abruptamente, entre o final do século XIX e o começo do século XX, até o ponto de — podemos dizer — dissolver-se de maneira quase absoluta, seja na sua terra natal, seja nos demais países europeus, vindo a encontrar sustentação somente muito distante, no cone sul das Américas, mormente em solo brasileiro. E a explicação para a derrocada daquele movimento espírita original, o francês, pode estar contida na brochura da qual tratamos — o que justifica o valor que hoje lhe atribuímos.

Dossie Leymarie & Cia

Como veremos aqui, Fropo toca no ponto crucial do desvirtuamento doutrinário no qual incorreu aquele movimento espírita francês pós-Kardec, comprometendo a continuação das obras do Mestre codificador da Doutrina. Ela denuncia, oferece nomes dos usurpadores e apresenta dados — em letras e cifras, já que o caso estava envolto em uma grave questão financeira.

 Nesse aspecto, Beaucoup de Lumière é uma espécie de dossiê, uma insinuação pública acusatória contra os dirigentes do Espiritismo de então e, ao mesmo tempo, um apelo entre os "espíritas sinceros" — no discurso da autora — para uma sublevação contra aqueles confrades desleais. No desígnio desta incriminação está Pierre-Gaëtan Leymarie, editor-chefe da Revista Espírita, e também, na prática, o "chefão" da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cuja presidência era formalmente ocupada pelo Sr. Vautier, que também ocupava o cargo de tesoureiro da instituição.

A partir de Leymarie, portanto, uma rede de nomes se associa a atividades das mais nocivas aos ideais do Espiritismo, minando-o pela base. O apelo insurgente de Fropo, confessadamente em oposição a Leymarie e Cia., transforma-se no lançamento de uma nova instituição — a União Espírita Francesa, da qual seria vice-presidente e o notável Gabriel Delanne seria o presidente — e um novo jornal — O Espiritismo — que representasse a "autêntica Doutrina dos Espíritos".

A urgência dessa campanha fez com que Berthe Fropo se lançasse à publicação sem inquietação quanto ao estilo literário ou acabamento. É, realmente, um texto bastante modesto, especialmente se compararmos com o rigoroso padrão da época. Em determinado momento do seu conteúdo, ela admite não ser uma "escritora" e, além disso, erros gráficos comuns presentes na obra nos fazem concluir ter havido certo açodamento na sua publicação, até porque, as circunstâncias eram categoricamente graves e demandavam ações imediatas.

No entanto, e não obstante diversos indícios posteriormente descobertos apontarem para a assertividade deste dossiê, devemos reconhecer que esta é tão somente uma das versões da história, oferecida por uma espírita que, além do louvável zelo pela doutrina professada, estava também declaradamente motivada por certa dose de indignação em face da prosperidade daqueles que ela considerava como usurpadores da bela Filosofia Espírita.

Em razão disso, a publicação de Beaucoup de Lumière teve mesmo o propósito de causar furor e incitar os "espíritas sinceros" a uma resposta efetiva contra aqueles desvios. Por conseguinte, pedimos permissão para fazer esse ajuizamento: que o leitor precisa cultivar o senso crítico a tudo e ponderar prudente e racionalmente, como faz o historiador diante de fatos e fontes da História, e, ainda mais, como um autêntico espírita, sempre motivado pelo espírita da caridade.

OBRA RARA E A TRADUÇÃO

Pelo que sabemos até o momento, o único exemplar sobrevivente dessa brochura — que possivelmente não teve outra reedição — é aquele conservado pela Biblioteca Nacional da França. Há nele, inclusive, um rabisco anotando uma tiragem de 1200 exemplares. Portanto, por essa abreviada quantidade, o livro já nasceu uma raridade.

Como não poderia ser de outra maneira, o exemplar sobrevivente não está em boas condições, afinal, trata-se de uma obra de 1884, e, ao que tudo indica, produzido com um material nada sofisticado — o que implica na sua conservação. A cópia digitalizada e disponibilizada online pela Gallica foi confeccionada a partir de fotocópias em borrão, ou seja, imagem bruta das páginas do exemplar físico arquivado pela Biblioteca; não é um texto digitado e copiável, como os livros digitais comuns. Nosso trabalho de tradução, portanto, teve como fonte exatamente as fotocópias desse exemplar da Gallica.

Ocorre que, infelizmente, o conteúdo não está totalmente legível. Na verdade, muitas palavras e mesmo parágrafos inteiros estão borrados, acentuação e pontuação quase sempre apagados, e nos deparamos até com folhas com recortes nas margens, dificultando a compreensão do texto. Some-se a isso o peso de verter para nosso idioma de hoje um francês com suas expressões de um século e meio atrás, inclusive com a auto declarada limitação literária da autora.

Em nossa tradução, procuramos ser o mais fiel possível ao texto original, ao ponto de conservarmos a literalidade de algumas expressões que possivelmente poderiam ser contextualizada — até para efeito de eufemismo, em ocasiões mais fortes, como no caso de "grosserias", que bem poderíamos substituir por "indelicadezas" — e até de construções frasais truncadas. Desta maneira, o leitor poderá ter uma percepção mais direta — ainda que um tanto crua — do que Fropo propôs através de sua brochura.

 Conservamos igualmente os destaques em itálico. Tivemos ainda o cuidado de respeitar a aplicação das iniciais em maiúsculo ou minúsculo, conforme as preferências da publicação genuína, de termos especiais — por exemplo, "espiritismo", "doutrina espírita", "espírito", etc., que normalmente escrevemos com iniciais maiúsculas (Espiritismo, Doutrina Espírita, Espíritos, etc.) — e de títulos, como os de entidades, revistas, jornais, livros — por exemplo: O Livro dos Espíritos, que na obra de Fropo aparece amiúde simplesmente como Livro dos espíritos.

Com isso, de antemão, pedimos a compreensão de nossos leitores em relação a nossos razoáveis desacertos de tradução, e, aliás, na expectativa de que ela possa ser melhorada, julgamos por bem acrescentar nesta obra a digitação do que pudemos capturar do texto original em francês.

Convém informar que mantivemos aqui as notas de rodapé contidas no original. E como julgamos por bem adicionar algumas explicações, contextualizando a narração de Berthe Fropo, acrescentamos nossas próprias notas de rodapé, que o leitor facilmente distinguirá pela inscrição final "N. T." correspondente a "Nota desta tradução".

Os Tradutores

Fontes: Gênese Web Canal Espírita (LIVE: 21/10/2020 - 19:30 hs - Estudo: Evolução e vida - Apresentação: Carlos A Braga Costa - Convidado: Jorge Hessen - Tema da palestra: Muita Luz de Berthe Fropo)

Fontes: Luz Espírita - Espiritismo em Movimento

Voltarei a alguns anos na existência da Sra. Kardec. Ela estava bastante descontente com a transferência da Sociedade, da rua de Lille para a rua Neuve des Petits Champs, mudança essa que aumentou o aluguel em 4.600 francos. A decisão de ali se dar festas a espantou, estava longe da simplicidade do Mestre nessa ordem de coisas.

Ela desaprovou igualmente a ideia de se juntar à Sociedade científica e psicológica, Sociedade não Espírita, que evidenciou claramente suas opiniões antiespíritas e cujos artigos apareciam na Revue. Dizia-se que era para diminuir os encargos já muito pesados.

Berthe Fropo "Muita Luz"

Enfim, em 21 de janeiro de 1883, tive a dor de perder minha amiga!! Na sexta-feira 19, levantando-se da sua cama, ela teve uma tontura, caiu e, batendo sua cabeça no canto do mármore de sua cômoda, perdeu a consciência. Ajudada pela empregada, pude levá-la de volta à cama, mas pela expressão de sua boca, vi que havia ali uma congestão cerebral. Fui procurar o médico, que me declarou que ela estava perdida.

Sra. Kardec tinha feito seu testamento em 1877, tendo designado o Sr. Leven, um grande amigo do Sr. Kardec, como executor testamentário. Porém, depois do casamento de seu filho, o Sr. Leven não mais tinha visto minha amiga. Esse abandono sem motivo tinha-lhe causado muito desgosto. Sua intenção era a de refazer seu testamento e designar o Sr. Joly para cumprir essa função. O Sr. Joly havia aceitado, mas infelizmente a morte a surpreendeu.

Berthe Fropo "Muita Luz"

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

FICÇÕES E INSINUAÇÕES - Resposta à Brochura Muita Luz (Beaucoup de Lumière) (As Réplicas das Denúncias) (Obra rara traduzida)

 

Berthe Fropo - Muita Luz (As DENÚNCIAS) (Obra rara traduzida)

 

Berthe Fropo - Beaucoup de Lumière (1884) (Fr.)

 

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