Raoul Montandon

o "Allan Kardec moderno"

PRESIDENTE Société d'études psychiques de Genève

MEMBRO ATUANTE DA UNIÃO ESPÍRITA FRANCESA

(1877 - 1950)

Biografia de Raoul Montandon:

Com a idade de 73 anos, desencarnou em Onex, Suíça, as três horas da madrugada de 4 de Setembro de 1950, o Dr. Raoul Montandon, cognominado o Allan Kardec moderno e, como este, teve morte repentina, em plena atividade.

Deixou obras espíritas de muito valor e recebeu numerosos títulos por serviços relevantes de outra natureza prestados à Humanidade: Cavaleiro da Legião de Honra Doutor "Honoris Causa" da Universidade de Genebra Ex-Presidente da "Sociedade de Geografia de Genebra" e redator do órgão publicitário dessa mesma Sociedade, Presidente da “Federação Genebresa de Sociedades Científicas”, Presidente da Sociedade Auxiliar do Museu de Etnografia de Genebra", Presidente da "Sociedade de Estudos Psíquicos de Genebra" (1), Presidente honorário da "Sociedade dos Amigos da Casa dos Espíritas", membro ativo, associado correspondente ou honorário de numerosas sociedades científicas da Suíça, da França e de outros países; Fundador da "Revista para o Estudo das Calamidades", órgão da "União Internacional de Socorros", fundada em 1927 sob os auspícios da Sociedade das Nações, Chefe do Serviço de Documentação Científica da U.I.D.S.

(1) Esta Sociedade foi fundada em 1892, há portanto, cinquenta e nove anos, e tem o fim de acordo com os seus Estatutos:
1) Estudar todos os fenômenos psíquicos sob suas modalidades conscientes e inconscientes;
2) Extrair deste estudo ensinamentos filosóficos e morais;
3) Propagar estes ensinos de maneira mais ampla possível.
O artigo III diz que "todos os membros devem ser benevolentes uns com os outros; o bem geral deve prevalecer acima de toda e qualquer outra consideração.

Por estes títulos e cargos vê-se que não se trata de um habitante comum do Planeta, mas de um desses Espíritos superiores que descem à Terra em grandes missões e marcam época na Historia da Humanidade.

Pela entrada do ano de 1950, escreveu ele a Hubert Forestier, Diretor de "La Revue Spirite", com data de 3 de Janeiro:

"Sabemos, que a vida aqui embaixo não e um espetáculo de prazer e que muitas vezes as sombras dominam a luz! Na minha idade, caminha-se para a grande metamorfose e cada Ano Novo dela me aproxima. Isso não é motivo para entristecer. Enquanto a saúde me permite trabalhar, esforçou-me para permanecer fiel aos meus ideais."

Extremamente modesto, sereno e imperturbável, de cativante bondade, trabalhador incansável pelas grandes causas, Raoul Montandon foi uma dessas figuras inconfundíveis, mareantes, no mundo científico e nos movimentos idealísticos do nosso tempo, e se projetará para o futuro através de suas numerosas obras, que serão melhor compreendidas e aproveitadas por outras gerações mais inteligentes e estudiosas que a nossa.

Entre as obras científicas propriamente ditas deste espírito enciclopédico, destaca-se a "Bibliographie Générale des Travaux Palethnologiques et Archéologiques" relativa à França e abrangendo as épocas pré-históricas, proto-história e galo-romana. E um trabalho exaustivo, encerrado em cinco volumes e três suplementos, e cuja a publicação, iniciada em 1918, somente terminou em 1938. A obra foi premiada duas vezes pela Academia de Inscrições e Humanidades (Prêmio Brunet) e pela Sociedade de Geografia da França (Prêmio Maunoir, medalha de ouro).

Várias outras obras, neste aspecto, poderíamos citarmos, mas, como apenas registramos uma breve notícia, vamos restringir-nos à obra literária espírita que Raoul Montandon deixou publicada e que é quase totalmente desconhecida na Terra.

Em 1927 publicou ele o livro “As Radiações Humanas, Introdução à Demonstração da Existência dos Corpos Sutis do Homem”, obra premiada pela Sociedade Psíquica Internacional.

Em 1932: "Aos que buscam, aos que lutam, aos que sofrem".

Em 1934: "Dos movimentos da varinha e do pêndulo com os Rabdomantes" (Ensaio de uma explicação metapsípquica do fenômeno).

Em 1935: "O Drama do Sofrimento Humano diante da Ciência Oculta": "Deformidades físicas e outros característicos exteriores nas Aparições de Defuntos"; "Uma curiosa categoria de fotografias transcendentes: Os "Globos luminosos' "Do "olhar magnético" - Ilusão de realidade?"

Em 1936: “A Fotografia Transcendente, Contribuição para o estudo dos Fenômenos Psíquicos”, obra premiada pela Sociedade de Fotografia Transcendental; “Aos ouvintes do Mundo Invisível” (Mensagens mediúnicas).

Em 1938: "Santa Teresa do Menino-Jesus - Seu ministério neste e no outro mundo".

Em 1942: “A morte, esta desconhecida”.

Em 1943: “Do Animal ao Homem - o mistério da psicologia animal”.

Em 1944: “O Mundo Invisível e Nós” Tomo I Mensagens do Além.

Em 1945: "Da Sorte dos Mortos" (Crítica ao estudo de um professor da Faculdade de Teologia de Neuchâtel); "Nossos amigos os animais. Para melhor conhecê-los e melhor amá-los".

Em 1946: “O Mundo Invisível e Nós” - Tomo II Formas materializadas.

Alem destes dezesseis volumes, podemos citar, ainda de Montandon, o “Cristianismo e Espiritismo Moderno” (relato das experiências do médium Indridason) e uma brochura -- "O que é o Espiritismo" que parece ter sido a ultima obra por ele publicada em vida. As linhas finais deste opúsculo declaram que o Espiritismo "é um admirável código de vida, um conjunto de doutrinas morais apoiadas em fatos experimentais, e, por isso mesmo, ele pode afirmar que contribui para a evolução espiritual do homem". Possivelmente, ainda existirão manuscritos do Autor a serem impressos, pois que o seu decesso se deu repentinamente.

Foi em 1920 que Montandon começou a interessar-se pelas questões psíquicas em geral e, em particular, pelo Espiritismo, tendo sido nomeado, neste mesmo ano, membro honorário do “Instituto Metapsíquico Internacional” de Paris. Cedo, em conseqüência de notáveis conferências pronunciadas em Genebra por Léon Denis, tornou-se ele membro ativo da Sociedade de Estudos Psíquicos daquela cidade, e da qual ocupou a presidência de 1930 até o dia de sua desencarnação.

Nos dois tomos de "O Mundo Invisível e Nós", reúne o Autor uma documentação indestrutível, para provar a autenticidade das manifestações dos Espíritos. O 1.° volume, de 222 páginas de formato grande trata das mensagens escritas e da fotografia transcendental, traz diversas fotografias de escrita direta e defende, o estudo do Espiritismo contra a atitude ciência oficial e das igrejas. Eis algumas linhas colhidas ao acaso:

"Um sistema filosófico, uma doutrina, uma teoria, uma tradição, serão talvez de natureza, a seduzir-nos, mas, se não levarem em conta os fatos, em que nos poderão ajudar na pesquisa da Verdade?"

Mais adiante:

"Sabemos que os espíritos tímidos ainda interrogam a si mesmos se a ciência tem autoridade para introduzir em seu domínio o estudo desses fenômenos, se seria conveniente não misturar de modo algum a ciência dita oculta com a ciência simplesmente. Pessoalmente, achamos que não existem duas ciências. Para nós, a ciência é ÚNICA: é o esforço para o conhecimento das leis naturais; é o estudo do universo e de tudo que nele se passa; é a pesquisa da Verdade. Escrutar os mistérios do mundo, para melhor apreender essa Verdade, parece-nos uma pesquisa tanto mais legítima, porquanto nos dá a chave de numerosos fenômenos, cujo sentido escapa a inúmeras pessoas que, embora proclamem possuir uma fé religiosa, não encontraram ainda para ela uma explicação racional."

O 2.° volume é maior do que o primeiro: tem 323 páginas de formato grande, com muitas fotografias de materializações, de moldes de parafina, e demonstra cabalmente os fenômenos físicos do Espiritismo. E' uma documentação que terá de abalar o materialismo das Universidades, quando for suficientemente divulgada no mundo. Termina com as seguintes palavras:

"Por em evidência tudo que possa reconciliar o homem com a morte, e da, a esta seu verdadeiro aspecto, deveria ser o esforço comum e o cuidado constante da ciência o da religião. As observações científicas e as experiências da vida mística são os dois pilares básicos, sobre os quais deve edificar-se o templo da Verdade. Rejeitar um ou o outro, é construir sobre a areia!" (2)

(2) Repitamos no original: "Rejeter l'un ou I’autre c'est construire sur le sable!” Quantas construções sobre a areia se fizeram no passado, penosamente, derramando sangue e lágrimas para vê-las cair um pouco mais tarde ao sopro da Verdade. Por falta do outro pilar que foi desprezado na edificação! Durante uns três mil anos o homem quis construir só com a religião, sem levar em conta a ciência, mas todas as suas obras esboroaram. Hoje ele caiu no extremo oposto: quer construir só com a ciência, com a sua culta ciência materialista, sem levar em conta a religião, mas os resultados são os mesmos: construções sobre a areia, que terão de cair, antes de ficarem concluídas.

Diz “Revue Spirite" que Raoul Montandon é cognominado o "Allan Kardec moderno" e observamos que o pensamento acima foi expresso pelo Codificador, embora em palavras as muito diferentes, mas com a mesma finalidade de unificar a ciência com a religião. Kardec escreveu como divisa de "O Evangelho segundo o Espiritismo": "Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade".

Literalmente não parece, mas é o mesmo pensamento: não poderíamos ter fé inabalável numa Ciência que é contestada pela, Religião porque também esta se baseia em fatos observados em todos os tempos embora muito deturpados pelo fanatismo e pela ignorância. Reciprocamente, não poderíamos ter fé absoluta na Religião, porque muitos dos ensinos são ilusões que os fatos, melhor observados pela Ciência, desfazem Mas a Ciência e a Religião se completarão no porvir, formando essa fé inabalável que há-de reconciliar o homem com a morte, dando a esta um aspecto tão natural como o têm o nascimento e a vida.

Outro grande inspirado, Abdul Babai, redigiu o mesmo pensamento, ainda com outras palavras "A Religião e a Ciência são as duas asas do Espírito". Ninguém voa com uma asa só.

Ainda no mesmo volume de Montandon "O Mundo Invisível e Nós", tomo II o Autor, quase ao chegar ao fim da obra, expõe a sua adesão aos princípios reencarnacionistas, declarando que a vida e a morte só adquirem seu verdadeiro sentido quando nos compenetramos da ordem majestosa que rege o Cosmos, e da admirável justiça de uma lei, segundo a qual cada um recolhera aquilo que semeou, oferecendo-nos, através das reencarnações sucessivas, os meios e as oportunidades de atingirmos a harmonia perfeita, ou melhor, a perfeição, doutrina esta - diz Montandon - também ensinada pelos Padres da Igreja até o século terceiro.

Ainda maior do que os dois precedentes, é o volume “De la Bête a I’Homme - le mystère de la Psychologie animale", porque é do mesmo formato, tem 370 páginas de composição compacta e tipo miúdo. E' obra rigorosamente científica: baseia-se na observação de uma multidão de fatos colhidos por toda parte, e demonstra que o animal possui uma alma por vezes muito mais adiantada do que em geral supomos, muito mais próxima da alma humana do que a nossa vaidade imagina. Não é apenas uma curiosidade científica o estudo apresentado no volume; vai muito além, tenta dar ao homem a consciência de seus deveres para com a evolução espiritual dos animais que a Providência pós sob sua proteção para instruí-los, orientá-los, ajudar-lhes o progresso espiritual.

E uma ideia sublime, porque cm relação com os animais somos espíritos superiores, irmãos maiores, com a decorrente responsabilidade dessa maioridade na qual pensamos tão pouco.

Se alguém ler este nosso modesto registro da desencarnação de um grande Missionário, há-de surpreender-se que ele seja tão pouco conhecido em nosso País; mas não há razão para esta surpresa. Quem conhece no Brasil a obra imensa, e de muitos decênios mais velha, de Andrews Jackson Davies? Quem conhecia a obra de Allan Kardec, no Brasil quando ele desencarnou? Meia dúzia de estudiosos apenas.

O mundo ainda vive sob a maldição de Babel dividido em regiões linguísticas, insuladas umas das outras, desconhecidas intelectualmente umas das outras, e ignorando que ignoram tudo umas das outras. Quem conhece além-fronteiras a obra impressionante de Francisco Cândido Xavier, cm nossos dias?

Temos justa admiração pelos transportes rápidos do nosso tempo, porque podemos fazer chegar nossa palavra a todos os pontos do Planeta em uma fração de segundo; mas o famoso livro mediúnico "Os Princípios da Natureza: Suas Revelações Divinas”, de Andrew Jackson Davies, publicado em 1847, ainda não chegou ao conhecimento dos brasileiros nestes 104 anos decorridos, assim como ainda não nos chegaram os livros de Raoul Montandor. Entre o Brasil e os Estados Unidos e o Brasil e a Suíça há rádio, telefone, aviões rápidos ligando os corpos materiais, mas para o pensamento há barreiras lingüísticas que nos separam em mundos intelectualmente distintas.

O Espiritismo, do mesmo modo que os movimentos religiosos antigos, vão-se formando em núcleos apartados uns dos outros, por falta de uma língua internacional única que ligue entre si esses diversos núcleos. E urgente a divulgação do Esperanto entre os espíritas do mundo todo, para a unidade do pensamento e colaboração em escala mundial. O livro publicado em Esperanto, em qualquer ponto do Planeta, atinge rapidamente todos os outros pontos é propriedade mundial de todos; mas, publicado em língua nacional, tende a circunscrever-se a uma região linguistica única mesmo quando redigido numa das grandes línguas, como o inglês e o francês, em que foram publicados respectivamente os livros de Andrews Jackson Davies e os de Raoul Montandon.

No futuro não será assim; ninguém terá a infeliz ideia de escrever em seu idioma local uma obra de interesse planetário. Os novos Montandons não deixarão de ser conhecidos, estudados e admirados por todos os povos.

Revista Reformador

Novembro de 1950

Forme matérialisée obtenue au cercle Fiat-Lux, à Nice

 Raoul Montandon - Le Monde Invisible et nous, Formes Matérialisées

Raoul Montandon - Le monde invisible et nous I. Messages de l' au delà

Jean Meyer e a Mansão dos Espíritas

Raoul Montandon confrontado pelos Metapsíquicos no Congresso Espírita Internacional de 1931 sobre a importância das revelações do Cristianismo para o Espiritismo. Proclamou em letras garrafais.

É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1Coríntios 2:9)

"Um sistema filosófico, uma doutrina, uma teoria, uma tradição, serão talvez de natureza, a seduzir-nos, mas, se não levarem em conta os fatos, em que nos poderão ajudar na pesquisa da Verdade?"

Raoul Montandon "O Allan Kardec Moderno"

Pela entrada do ano de 1950 com a aproximação da grande libertação, escreveu ele a Hubert Forestier, Diretor de "La Revue Spirite", com data de 3 de Janeiro:

"Sabemos, que a vida aqui embaixo não e um espetáculo de prazer e que muitas vezes as sombras dominam a luz! Na minha idade, caminha-se para a grande metamorfose e cada Ano Novo dela me aproxima. Isso não é motivo para entristecer. Enquanto a saúde me permite trabalhar, esforçou-me para permanecer fiel aos meus ideais."

Raoul Montandon "O Allan Kardec Moderno"

Fontes: Le Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec 

Fontes: Acervo Histórico Completo da Revista Reformador (1883 - 2019)

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Raoul Montandon

 

Raoul Montandon - La Mort, cette Inconnue (1942) (Fr.)

 

Raoul Montandon - De la Bête à l'Homme (1943) (Fr.)

 

Raoul Montandon - Le monde invisible et nous I. Messages de l' au delà (1944) (Fr.) (TOME 01)

 

Raoul Montandon - Le Monde Invisible et nous, Formes Matérialisées (1946) (Fr.) (TOME 02)

 

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