PAUL BODIER - HENRI REGNAULT

 

GABRIEL DELANNE

SUA VIDA, SEU APOSTOLADO E SUA OBRA

(1857 - 1926)

 

BIOGRAFIA DE GABRIEL DELANNE

 

Paul Bodier - Henri Regnault

Gabriel Delanne, sa vie, son apostolat, son oeuvre

Paris: Ed. J. Meyer (B.P.S.), 1937

Biografia de Gabriel Delanne:

Nascido em Paris, França, no dia 23 de março de 1857, e desencarnado na mesma cidade, no dia 15 de fevereiro de 1926.

François Marie Gabriel Delanne era filho de Alexandre Delanne, amigo íntimo de Allan Kardec. Um dia o Codificador tomou do menino, colocou-o em seu colo, e vaticinou que ele seria um elemento de destaque no Espiritismo.

Oriundo de família espírita, não teve maiores dificuldades em assimilar as idéias reencarnacionistas. Sua mãe também contribuiu na grandiosa obra de revelação, tendo sido uma das médiuns que serviram de instrumento para o Codificador compilar as obras básicas da Doutrina Espírita.

Quase nada se sabe sobre a juventude de Gabriel Delanne. Ele formou-se Engenheiro-Eletricista, e, com apenas 28 anos de idade, nos idos de 1885, publicou a sua primeira obra, subordinada ao título "O Espiritismo perante a Ciência". Alguns anos mais tarde, lançou outros livros que se tornaram acervo grandioso para os espíritas do porvir: "O Fenômeno Espírita" (1893); "Evolução Anímica" (1895); "Pesquisa sobre a Mediunidade" (1898); "A Alma é Imortal" (1899); "As Aparições Materializadas" (1909-1911); muito mais tarde, um ano após a sua desencarnação, foi lançada a sua última obra "Documentos para servirem ao estudo da Reencarnação" (1927), vertida para o vernáculo sob o título "A Reencarnação". Até o presente não foram traduzidas para o português as suas obras "Aparições Materializadas" e "Pesquisas sobre a Mediunidade."

Gabriel Delanne colocou-se resolutamente à frente dos grandes cometimentos, trabalhou de forma inusitada pela divulgação dos postulados espíritas e também publicou "La Revue Scientifique et Morale du Spiritisme", editada regularmente em Paris durante muito tempo. Foi também presidente da União Espírita Francesa, dando o contributo do seu trabalho assíduo com vistas a impulsioná-la, possibilitando uma melhor participação nas grandes realizações da época, com vistas a uma melhor divulgação do Espiritismo.

No ano de 1884, tomou parte ativa no Congresso Espírita de Bruxelas, na Bélgica. Desenvolveu tarefa de destaque no Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, de 16 a 27 de setembro de 1900, ao lado do grande pioneiro Léon Denis. Esse conclave teve em sua presidência de honra o célebre naturalista inglês Alfred Russel Wallace.

O seu extenso estudo sobre as vidas sucessivas intitulado "A Teoria da Reencarnação", constitui um documento de relevante importância para o esclarecimento de um dos postulados fundamentais da Doutrina Espírita. Delanne também foi o prefaciador da Biografia de Allan Kardec, publicada por Henri Sausse, no ano de 1900.

O Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925, teve em sua presidência a figura veneranda de Léon Denis, e contou com o comparecimento e ativa participação de Jean Meyer e Gabriel Delanne.

Delanne encetou os seus estudos básicos nos Colégios Clany e Gray, e posteriormente na Escola de Artes e Manufatura. Desempenhou o cargo de engenheiro na Companhia Popp (empresa de eletricidade e ar comprimido), onde trabalhou até 1892.

Foi companheiro de pesquisas psíquicas de Charles Richet, tendo por isso grangeado a sua estima e amizade. Em companhia desse grande sábio francês, Delanne presenciou a materialização do Espírito Bem-Boa, fato que passou para a História do Espiritismo. Tamanha era a confiança nele depositada por Richet que ele escreveu em seu "Tratado de Metapsíquica": "antes de cada sessão, juntamente com Delanne, examinávamos tudo minuciosamente."

Acostumado a lidar com as ciências positivas, por força, naturalmente, de sua profissão, Delanne dedicou-se, de preferência, às investigações psíquicas, aos problemas atinentes à ciência espírita, a qual suscitou tantas controvérsias. As suas obras, indubitavelmente, constituem "certeiro golpe no materialismo desintegrador", conforme opinião expressa sobre as suas obras.

Dotado de verdadeira tempera de apóstolo, soube enfrentar as dificuldades de ordem física que surgiram em seu caminho, algumas delas bastante dolorosas. Delanne soube real-mente viver os ensinamentos espíritas, consciente de sua imensa responsabilidade de pioneiro infatigavel e sequioso de desvendar a verdade.

Delanne foi companheiro de Pierre-Gaetan Leymarie na fundação da União Espírita Francesa. Foi assíduo colaborador da revista "O Espiritismo"; dirigente da Faculdade Espírita da Universidade Livre, criada por H. Durville e, em 1896, ficando desobrigado dos serviços profissionais, dedicou-se com maior afinco à tarefa de divulgação do Espiritismo, podendo-se dizer que foi um dos mais animosos militantes espíritas nos últimos anos do século passado e no primeiro quartel do presente século.

Fontes: Paulo Alves de Godoy e Antonio de Souza Lucena - Personagens do Espiritismo

Prefácio da obra:

Após a morte de Allan Kardec, o Espiritismo que ele havia codificado só teve, como defensores sérios, raros discípulos cujos tímidos esforços foram embaraçados, em muitas circunstâncias, por uma ciência oficial apegada às velhas fórmulas.

Além disso, uma multidão ignorante, presunçosa, não lhes poupou as zombarias que eram atiçadas pelos sofistas religiosos, sempre ocupados em fazer sombra nos cérebros humanos, a fim de melhor dominá-los.

No meio desse caos, surgiram dois homens que, muito simplesmente, sem estardalhaço, sem vã publicidade, empreenderam dar ao Espiritismo desprezado a base moral indispensável para sua difusão.

Esses dois homens foram Léon Denis e Gabriel Delanne. Este último era filho de Alexandre Delanne, que foi amigo de Allan Kardec e um dos seus fervorosos discípulos.

Do ponto de vista científico, o que gênios literários, como Victor Hugo e Victorien Sardou, espíritas Kardecistas convictos, não puderam criar, um antigo aluno da Escola Central ia consegui-lo e erguer o monumento duradouro, capaz de proporcionar aos pesquisadores conscienciosos todas as facilidades para prosseguirem nas buscas muitas vezes árduas, sempre delicadas, e obterem resultados realmente positivos com o método experimental tão caro aos cientistas.

Pareceu-nos que seria útil, na hora atual, escrever a biografia desse pesquisador de boa vontade; pareceu-nos necessário pôr em destaque seus magníficos trabalhos que lhe asseguram, no futuro, notoriedade quase igual à de Allan Kardec, de quem foi fiel discípulo e fervoroso admirador.

De fato, tanto quanto Kardec, ele acendeu, para os pesquisadores avisados e prudentes, uma luz que não deve jamais extinguir-se.

Graças a ela, todos poderão, doravante, avançar na estrada luminosa e transmitir a chama sagrada a todos os peregrinos da verdadeira Fé, que prosseguirão, por sua vez, no nobre esforço de seus antecessores para a conquista, cada vez maior, da Verdade, apoiada na Ciência e na Fé, definitivamente aliadas para seu triunfo.

Gabriel Delanne foi um bom obreiro, um hábil semeador desse bom grão que, apesar da aridez do solo, e apesar do que possam objetar os sectários ou os teóricos de uma ciência estreita e rotineira, frutificou e continua a se desenvolver, a crescer soberbamente diante dos olhos maravilhados dos pobres seres humanos, dignos de compreender o segredo da morte desconhecida, para melhor servir à vida, à vida triunfante, eterna e divina.

Embora a morte de Gabriel Delanne seja relativamente recente, temos tido muita dificuldade para reunir documentos sobre sua vida.

Agradecemos, pois, no início de nosso trabalho, a todos os que nos ajudaram, especialmente a sua filha adotiva, Suzanne Delanne, sua cunhada, Sra. Kurer, a Baronesa de Watteville, Sra. Ducel, Sra. Borderieux, o Prof. Charles Richet, Srs. Bouvier, Barrau, Andry-Bourgeois, o Capitão Côte e Jules Gaillard.

Paul Bodier e Henri Regnault

Entrada do prédio em que está situada atualmente a Sociedade Francesa de Estudos de Fenômenos Psíquicos

Fundos do prédio da Sociedade Francesa de Estudos de Fenômenos Psíquicos, com vista parcial do salão de reuniões

Túmulo da família Delanne, no Cemitério Père Lachaise

Fontes: Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec

Fontes: Grimoire du Spiritisme

Na véspera da colocação do corpo de Delanne no esquife, Forget, membro da Sociedade Francesa de Estudos dos Fenômenos Psíquicos, tentou tirar seis fotografias do mestre em seu leito mortuário. Estava acompanhado de Bourniquet e Maillard. Entretanto, nenhuma foto foi conseguida, não houve absolutamente qualquer sucesso.

Os funerais se realizaram em 18 de fevereiro de 1926, no Cemitério Père Lachaise. Seu corpo físico foi incinerado, sem que Suzanne tivesse recebido a respeito, disse-nos ela, um pedido da parte de seu pai.

Após a incineração, as cinzas foram colocadas numa urna, que foi depositada no jazigo que a família Delanne possuía naquele mesmo Cemitério.

Por uma feliz coincidência, o túmulo da família Delanne acha-se perto do de Allan Kardec e, todos os anos, na cerimônia comemorativa que reúne os espíritas em torno do dólmen do mestre Kardec, podem eles, ao mesmo tempo, render uma piedosa homenagem ao maior de seus discípulos e a seus pais, que tudo fizeram para difundir a filosofia kardecista.

 

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Revue Scientifique et Morale du Spiritisme (1896 - 1926)

 

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