GASTON Bourniquel

MEMBRO DA Maison des Spirites

MEMBRO DO COMITÊ geral da FÉDÉRATION SPIRITE INTERNATIONALE

 O AMIGO DE ALLAN KARDEC

(1868 - 1948)

 

OBRA RARA TRADUZIDA

 

Biografia de Gaston Bourniquel:

Léon Louis Gaston Bourniquel nasceu em 17 de fevereiro de 1868, na cidade de Toulouse, em Haute-Garon, em um departamento da França que fica localizado na região da Occitânia.

Seus pais eram Jeanne Marie Josephine Caraven (1828-1886) nascida em Tarn, Occitânia, França, e Charles Joseph Auguste Bourniquel, casados em 1851.

Era um farmacêutico e exercia as suas funções desde o ano de 1890, na cidade de Toulouse.[1]

[1] RetroNews La Site de Presse de la BNF - Liste des docteurs en médecine, officiers de santé, sages-femmes, chirurgiens-dentistes et pharmaciens: exerçant dans le ressort de la Préfecture de Police.

Em suas memórias, Gaston Bourniquel faz as narrativas do seu encontro com o Espiritismo:

Quando eu era estudante, todo mundo falava sobre o hipnotismo que acabara de nascer e que rapidamente se tornou a ciência da moda. Divididos desde o início sobre a origem e a natureza dos novos fenômenos, os nomes de Charcot, Liégeois, Bernheim, Liébault, Gilles de la Tourrette, Grasset, não tardaram a colidir no estrondo das discussões acadêmicas. Ninguém suspeitava da imensidão do campo de investigação subitamente descoberto; foi a idade de ouro do hipnotismo.

Pude, assim, no espaço de vinte anos, ampliar pela experimentação o campo do meu conhecimento e esclarecer-me sobre os problemas inquietantes do metapsiquismo. Então eu tinha um pouco de teoria e alguma prática; eu me havia familiarizado com os médiuns sensitivos cujas qualidades havia aprendido a conhecer, e principalmente os seus defeitos. Este longo período de experimentação me salvou de ser enganado.

Em 1908, fui levado muito fortuitamente a me preocupar com o Espiritismo.

Além disso, eu tinha ainda outras razões para evitar toda credulidade; estas razões, encontrei-as nos meus próprios sentimentos, na educação que fiz, nos meios que frequentei, na minha natureza profundamente materialista, nas ideias positivistas que me agradavam.

Meu diretor de consciência era Voltaire; meu breviário resumia-se na fórmula de Blanqui: Nem Deus nem Mestre. Como podemos ver, se há pessoas que negam a sua origem, as suas tendências, as suas preferências, eu não sou uma delas; meu lema sempre foi a máxima de Juvenal: “Vitam impendere vero!” “Dedique sua vida à verdade”. Tal era minha mentalidade no momento em que fiz um encontro que teria uma influência considerável sobre mim.

Eu estava indo para casa, muito tranquilamente, sem estar apressado por nada importante, convidado a dar um passeio no calor primaveril de uma bela manhã de maio, em Paris. Encontrei um amigo que conhecia há algum tempo, o Sr. Doris em um bonde. Ele me mostrou alguns livros que acabara de comprar, de Léon Denis e  Gabriel Delanne. Eu perguntei para ele: — São livros de Espiritismo? E você acredita nessas piadas, em sua idade? — Sim, eu acredito nisso! — respondeu ele de uma maneira tão desprovida de artifício quanto de estilo.

Casou-se no dia 7 de outubro de 1920, em Île-de-France, França, com a grande médium de psicofonia[2], Sra. Lucie Albertine Gleyses. Tiveram um filho, Camille René Bourniquel (1918-2013). Sua visão sobre o Espiritismo vai lhe trazer provas robustas sobre a sobrevivência do espírito imortal.

[2] Fenômeno mediúnico no qual um Espírito se comunica através da voz de um médium.

As suas pesquisas com a médium consistiam basicamente na interação com entes desencarnados que narravam as suas experiências pós-morte. Todas eram controladas por assistentes e, em momento posterior, aferiam-se as informações trazidas pelos Espíritos desencarnados, de modo que pudessem ser tratadas como evidências para serem comprovadas posteriormente.

Gaston Bourniquel, juntamente com sua esposa Lucie Albertine Gleyses, se ligaram ao Movimento Espírita de sua época, quando Jean Meyer adquiriu um prédio no número 8 da Rue Copernic, em Paris, em 1923, onde se estabeleceu a sede da Union Spirite Française. Esse prédio ficou conhecido como a Maison des Spirites, onde, nesse tempo, se concentravam as mais destacadas personalidades do Espiritismo: Gabriel Delanne, Léon Denis, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Alfred Bénezech, Marcel Laurent, General Abaut, Dr. Gustave Geley, Marcel Semezies, Pascal y Matilde Forthuny, Louis Gastin, Henri Sausse, Paul Bodier, Sir Arthur Conan Doyle, Rocco Santoliquido, Léon Chevreuil, Hubert Forestier, entre muitos outros.

Na Maison des Spirites, o Sr. Gaston Bourniquel dirigia o Grupo de Psicologia Experimental, no primeiro e no quarto domingo de cada mês. As pessoas que desejassem participar de suas reuniões deveriam entrar em contato, em seu endereço, na rue de Jussieu, 45, Paris.[3] O principal objetivo do trabalho era a identificação dos Espíritos. Alguns dos resultados das pesquisas realizadas por esse Grupo, seguindo o método científico, provas experimentais positivas e irrefutáveis, foram publicados na obra Écoutons les Morts (Gabriel Delanne e Gaston Bourniquel) publicada no ano de 1923.[4]

[3] La Revue Spirite - Journal d'Études Psychologiques et de Spiritualisme Expérimental, revue mensuelle fondée en 1858 par Allan Kardec, Burreaux et Administration, 8 rue Copernic, Paris, 1924.

[4] Gabriel Delanne/Gaston Bourniquel - Écoutons les morts: visions et incarnations, identification des Esprits, étude critique et preuves expérimentales de la survie, Henri Durville éditeur, (21 rue Saint-Merri), Paris, 1923.

A médium Lucie Albertine Gleyses participou, em sua sessão de 23 de fevereiro de 1924, no Comitê de Estudo da Fotografia Transcendental, na Maison des Spirites. Atendendo ao desejo do seu fundador, o Sr. Emmanuel Vauchez, concedeu quatro diplomas, e vários prêmios no valor total de 1.300 francos, às seguintes pessoas, que obtiveram fotografias transcendentais apresentando um caráter de autenticidade indiscutível. Premiações: Sr. Troula, de Mônaco; Madame Bourniquel, de Paris; Miss Stead, de Londres; Senhorita Estelle Scatcherd, de Londres.

Gaston Bourniquel participou ativamente da Federação Espírita Internacional, na Comissão Geral do Congresso Espírita Internacional, que foi realizado em Paris, de 6 a 13 de setembro de 1925, tendo à frente personagens luminares do Espiritismo: Bruns, Jean Meyer, Géo F. Berry, André Ripert, Albert Pauchard, Martinus Beversluis, Jean Boos, Joanny Malosse, Walter Oaten, Pascal Forthuny, Louis Gertsch, Obrador, Knott, José Lhomme, Georges Melusson e muitos outros.

Numa obra publicada em 1921, Gaston Bourniquel resume todo o seu pensamento sobre o Espiritismo e as suas influências no mundo moderno:[5]

[5] Gaston Bourniquel - Les Témoins Posthumes: Identification des Esprits et Preuves Expérimentales de la Survie, impr. Bussière; Paul Leymarie (42, rue Saint-Jacques), Saint-Amand (Cher), Paris, 1921.

Talvez precise ser assim.

Se pudéssemos conversar livremente com aqueles que partiram para o além-túmulo; se um simples esforço de nossa vontade fosse suficiente para nos colocar em contato imediato com eles, isso provocaria uma reviravolta completa na vida material, moral, mental e psíquica dos indivíduos. Eles passariam mais tempo conversando com a vida após a morte do que cumprindo seus deveres e responsabilidades na vida material.

Ora, se fomos enviados à Terra; se estamos destinados a lá voltar para fazer novas etapas evolutivas em múltiplas e sucessivas existências, é para ali amar, ali labutar, ali chorar, ali sofrer, mas não para viver com os mortos.

Ora, se fomos enviados à Terra; se estamos destinados a lá voltar para fazer novas etapas evolutivas em múltiplas e sucessivas existências, é amar ali, ali labutar, ali chorar, ali sofrer: isto não é não para viver com os mortos.

A telepatia, o subconsciente não podem explicar os fatos que citei; não há, porém, nada neles que não possa ser admitido pela ciência mais rigorosamente positiva. No dia em que esta resolver estudar os problemas sem espírito preconcebido, em total independência das escolas, perceberá seus erros do passado e verá que o homem bem poderia ser outra coisa além de um aparelho digestivo comum. O desejo de saber, até então dirigido exclusivamente à matéria, terá um objetivo maior; outros métodos, substituindo nossos procedimentos primitivos e empíricos, permitirão conhecer o Ser psíquico, a Individualidade sobrevivente, o Eu eterno.

Desses novos estudos surgirá a nova Verdade; seus seguidores não terão mais que suportar epítetos duros, repelir o ataque de todos os ignorantes, lutar contra os preconceitos da Ciência, pois a própria Ciência será então considerada como verdadeira Ciência, verificável e controlável, e não mais como um absurdo germinado no cérebros dos doentes, dos iluminados ou dos dementes. O nada e o materialismo decepcionante serão sucedidos pelo espiritualismo reconfortante. Tendo encontrado um guia, conhecendo o propósito da vida, o homem entenderá o seu destino.

Gaston Bourniquel faleceu a 27 de março de 1948 em Neuilly-sur-Seine, Île-de-France, França.

São Paulo, fevereiro de 2023
João Sergio Boschiroli (*)

(*) Nascido em Água Santa, RS, é casado com Ana Maria, tem três filhos e quatro netos. É formado em Letras e pós-graduado em Língua, Literatura e Ensino e em Linguística Aplicada em Contextos sociolinguisticamente Complexos. Aposentou-se em 1995, após trinta anos de vida profissional como bancário. Depois da aposentadoria, exerceu, durante três anos, a função de Gerente Financeiro da Secretaria de Ação Social do Município de Cascavel, PR.
No Movimento Espírita, ingressou na Sociedade Espírita Paz, Amor e Luz, SEPAL, em Cascavel, em 1990. A partir de 2005, passou a integrar a Sociedade Espírita Renovação, SER, em Curitiba, PR. É membro do Conselho Editorial da FEP.
Na área das letras espíritas, atuou, a partir de 1996, como revisor do Jornal Universo Espírita, editado pela SEPAL, em Cascavel, função que exerceu por nove anos. Nos dois últimos anos, acumulou a função de redator do jornal.
Em Curitiba, revisou o Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, FEP, e livros editados por ela, durante três anos. A partir de 2009, foi convidado para revisar as obras da Editora Fráter. Revisou a Revista Espírita, inclusive a tradução para a EDICEL/Boa Nova.

Em 1923, Jean Meyer comprou o prédio nº 8 na Rue Copernic, em Paris, e transferiu para lá a "Union Spirite Française". Este prédio ficou conhecido como a Maison des Spirites, numa tentativa de reerguer o Movimento Espírita Internacional.

Fontes: Canal Rodrigo Melo (Somos pequenos Deuses na Terra: Tradução de João Sérgio Boschiroli e Organização de Thiago Barbosa da Silva. A presente obra é composta por 21 artigos de revista escritos entre 1900 e 1925: 11 artigos da Revista Espírita, por Camille Flammarion; quatro artigos da Revista Científica e Moral do Espiritismo, por Gabriel Delanne e seis artigos da Revista Espírita, por Léon Denis)

Fontes: Le Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec

Fontes: Acervo Histórico Completo da Revista Reformador (FEB) (1883 - 2019)

"Quando, em 1857, Allan Kardec edificou as primeiras bases do Espiritismo, ele levantou a curiosidade pública, e também a inveja, a ira, a calúnia. Ele foi submetido a injúrias de inimigos ferozes; infâmias foram publicadas contra ele. Em Barcelona, suas obras foram apreendidas por ordem da autoridade eclesiástica e queimadas em praça pública pela mão do carrasco; em todos os países, a nova doutrina e seu fundador foram atacadas em púlpito a partir de ordens de bispos e sermões de padres. Ainda hoje, depois de 65 anos, essa rixa não está extinta. Fato a notar: na luta pelo triunfo de seu ideal materialista, nós os vemos associados às forças da Igreja que, tal como o abominável dia do incêndio de Barcelona, perseguem com uma ira tenaz o ideal espiritualista que não traz o selo do sacerdócio romano.

Por esses exemplos, vemos forças de reação constantemente associadas para a manutenção de tradições e mitos, recusando acolhimento a toda inovação grandiosa ou fazendo obstáculos a propagação do Espiritismo nas massas."

Gaston Bourniquel "O Amigo de Allan Kardec"

 

RELAÇÕES DAS OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Gaston Bourniquel (1868 - 1948)

 

Gabriel Delanne e Gaston Bourniquel - Escutemos os Mortos (Obra rara traduzida)

 

Gabriel Bourniquel - Les témoins posthumes (1921) (Fr.)

 

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