Galeria de Valois no Palais Royal

Foi num sábado de primavera, na Galeria d'Orleans, no Palais Royal, em Paris, a 18 de abril de 1857, que Allan Kardec publicava sua primeira obra: "O Livro dos Espíritos". Era um marco para o início de um novo momento para a evolução espiritual da humanidade.

A Galerie d'Orléans (do séc. XIX) ficavam as livrarias de Dentu (nª 13) do editor E. Dentu que publicou a primeira edição O Livro dos Espíritos e a Ledoyen (nª 31), que editaram várias das obras espíritas de Kardec.

O Palais Royal é importante edifício histórico situado ao lado do Louvre. Foi construído pelo Cardeal Richelieu no século XVII. Suas elegantes galerias externas, que circundam o jardim (Montpensier, de Beujolais e de Valois), foram mandadas construir por Louis-Philippe d'Orléans, na segunda metade do século seguinte.

HERCULANO PIRES 

 HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE  "O LIVRO DOS ESPÍRITOS"

 

 

Texto transcrito a partir de  “O Livro dos Espíritos”, edição do Centro Espírita Perdão e Caridade  (Lisboa, Portugal) Ano de 1957

"Porás no cabeçalho do livro a cepa que lhe desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos."

Figura e texto extraídos de "O Livro dos Espíritos" - Prolegômenos, Ditado a Allan Kardec pela equipe do Espírito da Verdade

Sinopse da obra:

Esta pequena monografia é um texto extraído da edição comemorativa dos 100 anos da obra fundamental do Espiritismo, publicada pelo Centro Espírita Perdão e Caridade, de Lisboa, Portugal, em 1957.

Herculano faz aqui uma descrição compacta dos principais tópicos abordados pela obra fundamental do Espiritismo, apresentando separadamente o significado dos três aspectos básicos da doutrina: filosófico, científico e religioso.

 O autor demonstra especialmente a importância do Espiritismo como a 3ª revelação cristã, o Consolador prometido por Jesus, e nos convida à releitura constante de "O Livro dos Espíritos", para que nos mantenhamos sempre sintonizados com os elevados conceitos formulados pela equipe do Espírito da Verdade.

Introdução ao Livro dos Espíritos:

Com este livro, a 18 de abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita. Nele se cumpria a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da Verdade. Dizer isso equivale a afirmar que “O Livro dos Espíritos” é o código de uma nova fase da evolução humana. E é exatamente essa a sua posição na história do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente.

Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita.

Ele é a pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou. Com ele se impôs e consolidou no mundo. Antes deste livro não havia Espiritismo, e nem mesmo esta palavra existia. Falava-se em Espiritualismo e Neoespiritualismo, de maneira geral, vaga e nebulosa.

Os fatos espíritas, que sempre existiram, eram interpretados das mais diversas maneiras. Mas, depois que Kardec o lançou à publicidade, “contendo os princípios da doutrina espírita”, uma nova luz brilhou nos horizonte mentais do mundo.

Há uma sequência histórica que não podemos esquecer, ao tomar este livro nas mãos. Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas, apareceu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traçar as linhas de um novo mundo: e de suas mãos surgiu a Bíblia. Não foi Moisés quem a escreveu, mas foi ele o motivo central dessa primeira codificação do novo ciclo de revelações: o cristão.

Mais tarde, quando a influência bíblica já havia modelado um povo, e quando esse povo já se dispersava por todo o mundo gentio, espalhando a nova lei, apareceu Jesus; e das suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o Evangelho.

A Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, o código hebraico em que se fundiram os princípios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos antigos – a grande síntese dos esforços da antiguidade em direção ao espírito. Não é de admirar que se apresente muitas vezes assustadora e contraditória para o homem moderno.

O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã, a que brilha no centro da tríade dessas revelações, tendo na figura do Cristo o sol que ilumina as duas outras, que lança a sua luz sobre o passado e o futuro, estabelecendo entre ambos a conexão necessária.

Mas assim como, na Bíblia, já se anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, o do Espírito da Verdade, como se vê em João, XIV. E o novo código surgiu pelas mãos de Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade, no momento exato em que o mundo se preparava para entrar numa fase superior de desenvolvimento.

Hegel, em suas lições de estética, mostra-nos as criações monstruosas da arte oriental, figuras gigantescas, de duas cabeças e muitos braços e pernas, e outras formas diversas, como a primeira tentativa do Belo para dominar a matéria e conseguir exprimir-se através dela.

A matéria grosseira resiste à força do ideal, desfigurando-o nas suas representações. Mas acaba sendo dominada, e então aparecem no mundo as formas equilibradas e harmoniosas da arte clássica. Atingido, porém, o máximo de equilíbrio possível, o Belo mesmo rompe esse equilíbrio, nas formas românticas e modernas da arte, procurando superar o seu instrumento material, para melhor e mais livremente se exprimir.

Essa grandiosa teoria hegeliana nos parece perfeitamente aplicável ao processo das revelações cristãs: das formas incongruentes e aterradoras da Bíblia, passamos ao equilíbrio clássico do Evangelho, e deste à libertação espiritual de “O Livro dos Espíritos”.

Cada fase da evolução humana se encerra com uma síntese conceptual de todas as suas realizações. A Bíblia é a síntese da antiguidade, como o Evangelho é a síntese do mundo greco-romano-judaico, e “O Livro dos Espíritos” a do mundo moderno. Mas cada síntese não traz em si tão somente os resultados da evolução realizada, porque encerra também os germens do futuro.

E na síntese evangélica temos de considerar, sobretudo, a presença do Messias, como uma intervenção direta do Alto para a reorientação do pensamento terreno. É graças a essa intervenção que os princípios evangélicos passam diretamente, sem necessidade de readaptações ou modificações, em sua pureza primitiva, para as páginas deste livro, como as vigas mestras da edificação da nova era.

Herculano Pires

Fontes: Canal Espírita Jorge Hessen (HERCULANO PIRES 100 ANOS - Ouça-o em 1957, em palestra sobre os 100 ANOS de O Livro dos Espíritos!) Em homenagem as comemorações do Centenário de Nascimento do jornalista, escritor e filósofo espírita Herculano Pires (1914 - 2014) a Rádio Emmanuel disponibiliza aos seus ouvintes palestra inédita proferida por ele em 1957, em São Paulo, durante as comemorações do primeiro Centenário de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, marco inicial da Era do Espírito.

Fontes: Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires

Fontes: Union Spirite Belge

"A Ciência propriamente dita é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter."

Allan Kardec "O Codificador da Doutrina Espírita"

"O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar."

Allan Kardec "O Codificador da Doutrina Espírita"

 

RELAÇÃO DAS OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Prolegômenos)

 

Herculano Pires - Homenagem aos 100 anos de "O Livro dos Espíritos" PDF