HENRI REGNAULT

MEMBRO DA ANTIGA UNIÃO ESPÍRITA FRANCESA

O GRANDE FAROL DO ESPIRITISMO

OS ÚLTIMOS COMBATENTES ESPÍRITAS DA FRANÇA

(1886 - 1955)

Biografia de Henri Regnault:

A França, desde longo tempo, vem desempenhando um papel de grande indiscutível projeção universal no campo da Literatura, das Ciências e das Artes. Sua história, contém páginas memoráveis de campanhas bélicas e de movimentos políticos e sociais que muito influíram na vida de outras nações.

Mas, para nós espíritas, essa pátria de Joana D'arc e Victor Hugo é profundamente querida, porque nela reencarnou, em 8 de Outubro do 1808, à figura gigante de Allan Kardec, desse missionário que nos legou a Terceira Revelação!

Quiseram os acontecimentos que o Espiritismo nesse país, onde foi codificado, sofresse certo colapso em seu, desenvolvimento e que, como consequência lógica, diminuísse o número de seus pregadores e divulgadores.

Se for certo, porém, lamentavelmente, que houve uma paralisação no que tange ao desenvolvimento dessa doutrina tão consoladora, em face das várias e sérias convulsões que avassalaram a Europa e muito especialmente a nação gaulesa? Devemos ressaltar, no entanto, que um pugilo de homens de ação, de cultura e de fé soube enfrentar, com animo forte, a dolorosa conjuntura, a esse pugilo de homens de ação, de cultura e de fé que soube enfrentar, com animo forte a dolorosa conjuntura, a esse pugilo de homens passou a constituir uma trincheira viva, vigilante contra os usurpadores que tentaram asfixiar os anseios das almas libertas do dogmatismo intolerante.

Os espíritas franceses, neste mês, vão reverenciar a memória de Henri Regnault, cujo nome se tornou conhecido em todo o mundo espírita, pelas suas atitudes desassombradas de polemista e de escritor primoroso e pela sua vasta cultura geral e muito que realizou pelo Espiritismo. Sobre esta faceta de sua cultura deu à publicidade a cerca, de muitas obras que merecem ser lidas, pois que abordam as mais diversas teses doutrinárias nas quais podemos relacionar algumas: Le Secret du Bonheur Parfait, La Mort n'est pas,  Léon Denis et l'expérience spirite, Seul le Spiritisme peut rénover le Monde, La Réalité Spirite, La Médiumnité a Incarnations, Les Vivants et les Morts, Tu revivras!, Biographie de Gabriel Delanne. Sendo prefaciadas por eminentes espíritas e espiritualistas como: Gabriel Delanne, Paul Bodier, Edouard Schuré, L. Baffert.

Henri Regnault ocupava a vice-presidência da União Espírita Francesa, de cujo "comitê" também fazia parte desde 1919, e foi um dos fundadores, há trinta o cinco anos, do periódico Survie, órgão oficial instituição, no qual, até o dia de seu falecimento, ocupou o cargo de gerente.

Seu corpo físico, embora combalido, não conseguiu enfraquecer-lhe a têmpera do espírito, sempre a postos na defesa e divulgação da doutrina espírita, apesar de seus 69 anos de idade. Quase todas às semanas era ele visto subir à tribuna da União, na rua Léon-Delhomme nª10, e diante de um público silencioso e atento explanava, com facilidade e profundo conhecimento, sobre os mais diferentes aspectos do Espiritismo.

Inúmeras vezes este venerando e respeitável confrade era visto junto à porta de acesso ao Metro de Paris, nos Bulevares, nas praças, distribuindo milhares e milhares de prospectos espíritas.

Habitualmente, em setembro, passava suas férias em Croix-de-Vie e, no ano passado, para lá se transportou confiante de recuperar saude para o se envoltório físico. Regressou a Paris em 30 de Setembro de 1955, sem todavia apresentar melhoras, e no dia seguinte, ao anoitecer, foi encontrado inerte é frio, na cozinha, o corpo de Henri Regnault. À inumação dos seus despojos, em 6 de Outubro de 1955, na mais estrita intimidade, foi feita no cemitério de Thiais.

Foi ele crente e praticante na religião católica, até à idade de 18 anos, quando então a dúvida lhe assaltou o espírito é daí ter-se tornado, por muito tempo, ateu, materialista, negativa até mesmo sectário, pois que a sua razão não podia, e, sã consciência, aceitar o dogma do romanismo, insubsistentes perante a Ciência e a integridade dos ensinamentos de Jesus.

Em 1915, algo de extraordinário se operou em sua vida, quando que recebeu o banho lustral da luz das grandes verdades, através do Espiritismo, que passou a se interessar-lhe vivamente.

Eis a sua confissão: "Estudei a doutrina espírita, refletindo maduramente, e, em 1915, no mês de abril, tornei-me espírita. Minha fé se me é permitido empregar essa palavra, de vez que se trata de uma certeza absoluta e raciocinada se repousava sobre uma base indestrutível, motivada por provas palpáveis, formais, reais, cientificamente estabelecidas, controladas pela minha razão. Agora, minhas crenças se ajustam a mais rigorosa lógica; elas concordam com o que, confusa e obscuramente, sempre pensei, mesma na época, em que, considerando a morte o inicio do nada, seguia no entanto sem compreender o porquê dos impulsos de minha consciência".

O primeiro livro espírita que ele aceitou para ler foi O Porquê da Vida, de Léon Denis, e foi através de suas páginas que Henri Regnault recebeu a luz da verdade, luz que ele soube colocar bem alto, para que com ela iluminasse e iluminasse também todos aqueles que vivessem cegos para as coisas sublimes do espírito. Era sempre com pesar que ele se referia a essa fase triste de sua vida, em que à descrença lhe feria cruelmente o coração.

E ele nos relata que, então, lendo este conselho — O Trabalho! Eis o melhor meio que a gente dispõe para lutar contra a neurastenia — recordava-se do tempo em que sua vida mundana era pontilhada de ociosidades e de inutilidades. As horas, naquela época, se lhe afiguravam longas, cheias de monotonia, ao passo que depois de haver abraçado o Espiritismo as horas passaram a correr céleres. Assim, se antes lastimava porque elas eram morosas em seu andar, lastimava agora pelo fato de elas não serem mais longas, a fim de que fosse dado tempo mais pela doutrina!

Realmente sua fé foi inabalável nesses quarenta anos de vida espiritista, faina sincera de propagar é difundir as luzes do Espiritismo. Excelente orador, sua palavra escorreita se fez ouvir em todos os recantos da França, através de notáveis conferências e de discursos empolgantes que proferia fluentemente. Sua pena jamais se cansou de escrever artigos e livros, tendentes a todos em exaltar e esclarecer os mais diversos temas espíritas, podendo ser classificar, como disse Sr. Achille Biquet (Presidente da União Espírita Belga), — entre “as personagens espíritas mais notáveis de nossa época."

Era Regnault admirador apaixonado de dois grandes vultos do Espiritismo na França: Léon Denis é Gabriel Delanne. O primeiro, biografo brilhantemente na obra "La Mort n'est pas" (1928). Sobre o segundo, a quem chamava de mestre, em colaboração com Paul Bodier, então Presidente da "Sociedade Francesa de Estudos Psíquicos", "Une Biographie de Gabriel Delanne".

O padre Mainage, da Ordem dos Irmãos Pregadores, em Fevereiro de 1920, anunciava que em seus sermões da quaresma faria um estudo católico do espiritismo... Henri Regnault assistiu a todos esses sermões, em número três, imediatamente passou a refutar com serenidade, mas com fortes golpes de inteligência e de lógica, as assertivas do padre Mainage, em conferências públicas, para as quais dirigiu convite a esse sacerdote, em cartas registradas. E até mesmo numa brochura intitulada — "Realidade Espíritas". Como era de esperar, a elas não deu resposta o padre dominicano. Fugiu à luta, porque evidentemente bem sabia ele não dispor de argumentos capazes para rebater as inspiradas palavras de Regnault.

Essas refutações, tornadas mais completas, foram depois reproduzidas em volumoso livro a que o Autor Intitulou Les Vivants et les Morts, dado ao público em 1922, e em cujo prefácio escreveu.

“E para os adversários, é para os espíritas insuficientemente esclarecidos, é para os investigadores da verdade, é também é sobretudo para aqueles que têm necessidade de conhecer as razões dos sofrimentos terrestres, que decidi responder à campanha do padre Mainage”.

Achava Regnault, com muita razão, ser prematura qualquer tentativa de aliança, congraçamento intimo dos espiritualistas em geral, não obstante crerem todos, de uma maneira ou de outra, na realidade de um Ser superior, na existência de um principio pensante aprisionado em um corpo físico, na sobrevivência desse principio pensante após a morte.

E dizia então Henri Regnault que um dos deveres principais dos espíritas era o da tolerância para com todas as religiões, filosofias, enfim, para com todas as escolas espiritualistas, sem a preocupação de fazer que os seus adeptos abandonassem a sua fé e suas sinceras convicções.

Advertia, outrossim, que ao lado dos espiritualistas firmemente convictos de possuírem a verdade, existiam muitos os chamados indolente, indiferentes, que se diziam espiritualistas, sejam por hábito, ou seja levados por um principio de respeito humano, sem que neles houvesse qualquer resquício de convicção. Esse, então, o equiparava aos ateus e os materialistas. E como todo o mal social a que estamos expostos provém da ausência da crença em Deus e na sobrevivência, declarava Henri Regnault ser preciso congraçar estes indiferentes e persuadi-los no sentido de aceitarem a fé em Deus e adquirirem a certeza da existência sobrevivência da alma. À revista, Survie, em seu número de Janeiro-Fevereiro deste ano, traz um artigo de autoria de Henri Regnault, intitulado "Sinal dos tempos", é que a redação do aludido periódico declara ser o último escrito por esse seu companheiro.

Dentre outras coisas, escreveu o articulista o seguinte: que tinha em mente publicar um romance, pelo que necessitava frequentar certos lugares, de prazer, a fim de colher impressões. Que numa tarde, subindo a rua Fontaine, ficou surpreendido no escutar a Ave Maria de Gounod, é isto porque esse cântico provinha de um subsolo onde se encontrava a Cabana Cubana. Quem cantava essa música religiosa era a nossa patrícia Juraci Ferreira. Em tal recinto de prazer — Escreveu H. Regnault, esse cântico alcançou extraordinário êxito é foi bisado, E pergunta então se este fato não é positivamente um sinal dos tempos, em que o homem, aturdido com o confusionismo ensurdecedor das coisas mundanas, sente a necessidade de algo que transcenda aquilo que a inteligência humana jamais poderá oferecer: — o alimento espiritual.

Que Jesus ilumine o Espírito desse grande ardoroso propagador da Doutrina Espírita, doutrina maravilhosa, pois que, sem corpo sacerdotal, sem rituais é sem dogmas, há de fazer rolar, pedra sobre pedra, a bastilha do obscurantismo, tal como ao Cristianismo fez ruir, através do tempo, os castelos farisaicos os templos vaidosos dos césares romanos!

Henri Regnault por Sylvio Brito Soares

Revista Reformador / Setembro de 1956

Fontes: l'Encyclopédie Spirite

Fontes: Projeto Allan Kardec (Coleção de Manuscritos de Allan Kardec)  

"Estudei a doutrina espírita, refletindo maduramente, e, em 1915, no mês de abril, tornei-me espírita. Minha fé se me é permitido empregar essa palavra, de vez que se trata de uma certeza absoluta e raciocinada se repousava sobre uma base indestrutível, motivada por provas palpáveis, formais, reais, cientificamente estabelecidas, controladas pela minha razão. Agora, minhas crenças se ajustam a mais rigorosa lógica; elas concordam com o que, confusa e obscuramente, sempre pensei, mesma na época, em que, considerando a morte o inicio do nada, seguia no entanto sem compreender o porquê dos impulsos de minha consciência".

Henri Regnault "A Conversão ao Espiritismo"

"Há, segundo creio, um meio muito mais seguro de tornar a morte compreensível: é saber, exatamente, o objetivo de nossa passagem pela Terra, de procurar o que acontece conosco após a morte."

Henri Regnault "Léon Denis e a Experiência Espírita"
 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Biografia de Henri Regnault

 

Henri Regnault - A morte não existe (Bibliografia de Léon Denis)

 

Henri Regnault - Léon Denis e a experiência espírita (Biografia de Léon Denis)

 

Henri Regnault/Paul Bodier - Gabriel Delanne - Sua vida, seu apostolado e sua obra (Biografia de Gabriel Delanne)

 

Henri Regnault - La Realite Spirite (1920) (Fr)

 

1946 Paris Congrès Spirite Français (Fr.) (Vice-president de I'Union Spirite Française)

 

Baixar todas as obras no arquivo zipado