ERNESTO BOZZANO

A CRISE DA MORTE

 

Desencarnação [do latim des + incarnatione] - Ato ou efeito de desencarnar, isto é, deixar a carne, passar para o Mundo Espiritual. É quando deixa de atuar o princípio vital, gerando, em conseqüência, a desorganização do corpo, desprendendo-se o perispírito, molécula a molécula, conforme se unira, e restituindo ao Espírito a liberdade. Não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito, tanto que desencarnação é libertação da alma, morte é outra coisa - a cessação da vida e degenerescência da matéria.

 

Ernesto Bozzano - La crisi della morte nelle descrizioni dei defunti comunicanti

Prefazione di Gastone De Boni

Giuseppe Rocco Editore

Fratelli Bocca Editori

Napoli (1930)

Sinopse da obra:

É certo que todo ser humano, em algum momento da vida, já se perguntou sobre a continuação da existência após a morte do corpo físico. Haverá quem não tenha pensado no instante final da nossa trajetória terrestre? A vida continua além do túmulo? Se cremos que sim, como será essa nova vida? Quais os fenômenos que se passam com aqueles que se desprendem dos liames carnais e dão entrada no outro mundo?

Em A Crise da Morte, Bozzano expõe e comenta os testemunhos vindos do mundo espiritual sobre as diversas situações por que passa o Espírito na ocasião do término de cada experiência no plano material, submetendo os casos citados ao processo científico da análise comparada, do que resultou um conjunto de revelações de irrecusável veracidade.

A leitura desta obra nos liberta das ilusões e dos temores criados pelas crenças religiosas tradicionais e nos mostra que as condições em que nos encontraremos após o término desta existência dependerão sempre do modo pelo qual nos conduzimos moralmente enquanto Espíritos encarnados.

Conclusões:

No vasto e muita importante ramo da metapsíquica em que se  estuda o tema das revelações transcendentais, tudo ainda está por fazer se, do ponto de vista da investigação científica do imenso material que já  foi recolhido.

As prevenções de todos — assim dos opugnadores, como  dos espíritas — oriundas de superficial conhecimento do assunto,  haviam impedido até aqui um trabalho útil, nesse sentido. A presente  obra é o primeiro ensaio analítico destinado a demonstrar o valor  intrínseco, positivamente científico, deste ramo da metapsíquica,  injustamente desprezado.

Para atingir o fim a que me propunha, era-me, primeiramente, indispensável demonstrar, de modo adequado, que as revelações transcendentais, longe de se contradizerem mutuamente, concordam  entre si e se confirmam umas às outras.

Era-me preciso demonstrar, ao mesmo tempo, que essas concordâncias não podem ser atribuídas nem a  coincidências fortuitas, nem a reminiscências subconscientes de  conhecimentos adquiridos pelos médiuns (criptonesia).

Nessas condições, importa resumir abreviadamente o conteúdo  desta obra, a fim de positivar até que ponto esse objetivo foi alcançado.

Em primeiro lugar, cheguei a demonstrar incontestavelmente, fundando-me em fatos, que as mensagens mediúnicas, em que os  Espíritos dos defuntos descrevem as fases por que passaram na crise da  morte e as circunstâncias em que fizeram sua entrada no meio  espiritual, concordam admiravelmente entre si, de maneira tal que nelas  não se encontra uma só discordância absoluta com as afirmações dos  outros Espíritos que se hão comunicado com os vivos.

Faço notar, a este propósito, que se nesta obra, limitei as pesquisas ao período inicial da existência espiritual, não foram  unicamente por se tratar da primeira de três monografias sobre o  mesmo assunta.

Foi também por ter a intenção de apresentar aos meus  leitores um primeiro ensaio analítico, relativamente aos problemas a  serem solucionados, reduzidos estes á sua mais simples expressão.  Tratava eu também de me certificar se valeria à pena levar por diante a  minha tarefa. Toda gente há podido verificar que este ensaio analítico  constituiu um triunfa para a tese que aqui sustento.

São estes os detalhes fundamentais, a cujo respeito se acham de acordo os Espíritos autores das mensagens, salvo sempre inevitáveis  exceções, que confirmam a regra e que, por vezes, intervêm,  modificando, restringindo, eliminando algumas das experiências  habituais, inerentes á crise da morte, ou, então, determinando a  realização de outras experiências, desabituais no período de início da  existência espiritual:

1. Todos afirmam se terem encontrado novamente com a forma humana, nessa existência;

2. Terem ignorado, durante algum tempo, que estavam mortos;

3. Haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os  acontecimentos de existência que se lhes acabava (visão  panorâmica, ou epílogo da morte);

4. Terem sido acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das  pessoas de suas famílias e de seus amigos mortos;

5. Haverem passado, quase todos, por uma fase mais ou menos  longa de sono reparador;

6. Terem-se achado num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais), e num meio tenebroso e  opressivo (no caso de mortos moralmente depravados);

7. Terem reconhecido que o meio espiritual era um novo mundo objetivo, substancial, real, análogo ao meio terrestre  espiritualizado;

8. Haverem aprendido que isso era devido ao fato de que, no  mundo espiritual, a pensamento constitui uma força criadora,  por meio da qual todo Espírito existente na plano astral pode  reproduzir em torno de si o meio de suas recordações;

9. Não terem tardado a saber que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, se bem certas Espíritos recém chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra;

10. Terem verificado que, graças à faculdade da visão espiritual, se achavam em estada de perceber os objetos de um lado e outro,  pelo seu interior e através deles;

11. Haverem comprovado que os Espíritos se podem transferir temporariamente de um lugar para outra, ainda que muita  distante, por efeito apenas de um ato da vontade, o que não  impede também possam passear no meio espiritual, ou voejar a  alguma distância do solo;

12. Terem aprendido que os Espíritos dos mortos gravitam  fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes  convém, por virtude da lei de afinidade.

Ernesto Bozzano

Comentário do site:

Este e um tema de grande relevância na qual todos iremos passar um dia, pois como todos sabemos a nossa vida aqui no corpo da matéria não é perene.

Como será este processo? Será doloroso? O que nos espera no mundo espiritual? Teremos medo da morte??? Ou nada queremos saber sobre o assunto!

As religiões tradicionais, usando uma teologia caduca, acreditam que após a morte terá o homem que aguardar a “ressurreição” no final dos tempos após o “juízo final”. Essa crença concebe que depois a morte física o ser vai para a glória do céu ou para o fogo eterno do inferno e em seguida a esse trâmite (derradeiro julgamento) o homem “perdoado” retomará o corpo biológico antigo que será totalmente reconstruído.

Ao observar melhor os fatos percebemos que as religiões tradicionais nada respondem ao nosso espírito sobre a questão da vida após a morte e ainda mais assustam seus adeptos com os pavores da morte, do diabo, das penas eternas no inferno.

Em verdade, a morte biológica é um processo natural de mudança de dimensões. As repercussões do além túmulo dependerão do maior ou menor desapego que vivemos no dia a dia, pois quem vive a serviço do próximo dilatará augusta liberdade da consciência no momento da desencarnação e obviamente será o coroamento da sua vida dignamente vivida, portanto não haverá espaço para qualquer receio diante da fatalidade biológica da morte física.

O homem que vive e se compromete com o mal e acredita no NADA após a morte sentirá todo o impacto frustrante na ocasião e após o desenlace sob o guante da dor moral através do desfile de todos terrores íntimos como espelho da consciência culpada.

O Céu e o Inferno são percepções de consciência individual, pois todas ações efetivadas na vida, acarretarão inevitáveis conseqüências boas ou más considerando a vigência da Lei e Causa e Efeito a que todos estamos submissos.
Sendo assim, fujamos do mal, pois que ele nos acorrentará a sofrimentos angustiantes e busquemos auxiliar incondicionalmente o nosso semelhante conforme como nos ensinou há dois mil anos o Mestre Incomparável da Galiléia.

Irmãos W. e Jorge Hessen

Ver no site o pesquisador espírita William Barrett "Visões no momento da morte"

Fontes: Revista Espírita Bezerra de Menezes (Ernesto Bozzano - A Crise da Morte) (Audiobook Grátis)

Fontes: Luz na Mente - A Revista Espírita On Line (A experiência de quase morte confirma a imortalidade)

Fontes: Luz na Mente - A Revista Espírita On Line (Os “falecidos” que “ressuscitam” numa apreciação espírita)

 154. A separação da alma e do corpo é dolorosa?
— Não; o corpo, freqüentemente, sofre mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.

Comentário de Kardec: Na morte natural, que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica em conseqüência de idade, o homem deixa a vida sem perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
— Os liames que a retinham, sendo rompidos, ela se desprende.

155 – a) A separação se verifica instantaneamente, numa transição brusca?

Há uma linha divisória bem marcada entre a vida e a morte?

— Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo subitamente libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco apouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem.

Comentário de Kardec: Durante a vida, o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório material ou perispírito; a morte é apenas a destruição do corpo, e não desse envoltório que se separa do corpo, quando cessa a vida orgânica.

A observação prova que no instante da morte o desprendimento do Espírito não se completa subitamente- ele se opera gradualmente, com lentidão variável, segundo os indivíduos. Para uns é bastante rápido, e pode dizer-se que o momento da morte é também o da libertação que se verifica logo após.

Noutros, porém, sobretudo naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito mais demorado e dura, às vezes alguns dias semanas e até mesmo meses, o que implica a existência no corpo de nenhuma vitalidade, nem a possibilidade de retorno á vida. mas a simples persistência de uma afinidade entre o corpo e o Espírito, afinidade que está sempre na razão da preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria.

É lógico admitir que quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por outro lado. a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida corpórea e quando a morte chega, é quase instantânea.

Este é o resultado dos estudos efetuados sobre os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações provam ainda que a afinidade que persiste, em alguns indivíduos, entre a alma e o corpo é às vezes, muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso é excepcional e peculiar a certos gêneros de morte, verificando-se em alguns suicídios.

Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual - Cap. III")

 

RELAÇÃO DE OBRAS PARA DOWNLOAD

 

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Parte II - Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual - Cap. III")

 

Ernesto Bozzano - A crise da morte PDF

 

Ernesto Bozzano - La Crisi Della Morte (1930) (Ital)