Augusto Elias da Silva

FUNDADOR DA REVISTA REFORMADOR

FUNDADOR DA Federação Espírita Brasileira

(1848 - 1903)

 

OS GRANDES PIONEIROS DO ESPIRITISMO NO BRASIL

 

REVISTA REFORMADOR

"Orgam Evolucionista", a serviço da Grande Causa

BRAzIL - RIO JANEIRO

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(1883 - 1902)

Biografia de Augusto Elias da Silva:

Elias da Silva reencarnou na terra portuguesa em 1848 (1), justamente no ano em que uma onda de renovação espiritual, como fogo em palha seca, se irradiaria de Hydesville para o mundo todo.

(1) Segundo a Guia de óbito da Santa Casa da Misericórdia e o Livro de Registro do Cemitério de S, Francisco Xavier, Elias faleceu aos 55 anos de idade, o que dá para o seu nascimento o ano de 1848.

Estava ele destinado, qual aconteceu a inúmeros ilustres compatriotas do outro lado do Atlântico, a grandiosos empreendimentos na terra irmã brasileira. Para aqui se transportavam intuitivamente, ou levados pelo misterioso acaso, a fim de atenderem às solicitações da Espiritualidade.

Assim, veio para o Brasil, desembarcando na Guanabara em data que não nos foi possível descobrir, o humilde fotógrafo profissional Augusto Elias da Silva, que consigo trazia um coração generoso e simples, e um cérebro esclarecido, resoluto e empreendedor.

Ismael lhe reservava, nestas paragens brasileiras, alta missão, pelo saber capaz de levá-la a bom termo, com denodo e perseverança.

Quanto às razões que conduziram Elias a aderir aos princípios espiritistas, transcreveremos a seguir as suas palavras textuais, publicadas em "Reformador " de 1-9-1891, e que dizem o que a respeito conseguiríamos saber:

"Em 1881, fui convidado a assistir a uma sessão na sala da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, à rua da Alfândega n.º 120. As minhas convicções nesta época eram as do mais lato indiferentismo religioso, não tendo a menor parcela de dúvida sobre a não existência da alma. Não admitindo os fenômenos das diversas religiões, só via nelas agrupamentos de ociosos e amigos de dominar, explorando a ignorância das massas, geralmente supersticiosas e inclinadas ao sobrenatural.

Foi-me aconselhado a leitura das obras do imortal Kardec. Pela leitura, despertou-se-me o desejo de verificar experimentalmente as teorias que ia bebendo, e comecei a freqüentar as sessões dos grupos e sociedades então existentes, onde gradativamente fui recebendo as provas mais robustas da manifestação dos que eu chamava mortos".

Estudando com ardor as obras de Kardec e todas as demais que adquiria para aumentar seus conhecimentos acerca da Doutrina que lhe abrira um mundo de luminosas e até então veladas verdades, em pouco tempo Elias traduzia seu entusiasmo e sua vontade de servir à Causa, tornando-se ativo membro da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade.

Fundou, a seguir, o "Grupo Espírita Menezes ", nome dado em homenagem a Antônio Carlos de Mendonça Furtado de Menezes, que fora diretor da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, e cujo bondoso Espírito, desencarnado em 11 de Dezembro de 1879, dirigia então os trabalhos do referido Grupo. Esta Sociedade muitos benefícios espalhou, e em 1885 fundiu-se à Federação Espírita Brasileira, para a qual se transferiram os seus sócios.

Fundar e conservar um órgão de propaganda espírita, na Corte do Brasil, era, naquela época, de forma a entibiar o ânimo dos espíritas mais resolutos. Todas as baterias do Catolicismo estavam assestadas contra o Espiritismo.

Dos púlpitos brasileiros, principalmente dos da Capital, choviam anátemas sobre os espíritas, os novos hereges que cumpria abater. Datada de 15 de Junho de 1882, fora distribuída ao Episcopado brasileiro uma Pastoral do Bispo da Diocese de S. Sebastião do Rio de Janeiro, na qual o Antigo Testamento era astuciosamente citado para contraditar as comunicações mediúnicas, e tão anticristão e violento era o zelo daquele prelado, que com naturalidade escreveu, referindo-se aos espíritas: "Devemos odiar por dever de consciência".

Amparado e incentivado dentro do lar por duas almas boas e valorosas, sua sogra, D. Maria Baldina da Conceição Batista e sua esposa, D. Matilde Elias da Silva, de quem teve um filho também chamado Augusto, ambas espíritas convictas, Elias lançou o REFORMADOR em 21 de Janeiro de 1883 (2), com os recursos tirados do seu próprio bolso, situando a redação e oficinas em seu atelier fotográfico à então rua da Carioca, 120 - 2º andar (ex-São Francisco de Assis) onde também residia com sua família.

(2) Nesta mesma data desencarnava, em Paris, a professora Amélia Boudet, viúva do grande missionário Allan Kardec.

Até 1º de Fevereiro de 1888, "Reformador " teve sua secretaria e tesouraria à rua da Carioca, 120, 2º andar, no local de residência e trabalho de Elias. Havendo, por essa época, necessidade de mais espaço para o desenvolvimento daquela publicação, a Diretoria resolveu instalar a seção do "Reformador "no prédio n.º 17 (depois n.º 25) da então rua do Clube Ginástico, hoje Silva Jardim, para onde também se transferiu a Federação Espírita Brasileira, que se achava à rua do Hospício (hoje Buenos Aires), n.º 102.

Em 27 de Dezembro de 1883 (3) aquele infatigável lidador reuniu em sua residência, como sempre o fazia semanalmente, os companheiros que mais de perto o auxiliavam no "Reformador". Eram doze individualidades ao todo, um quarto das quais pertencia ao sexo feminino, "como a indicar" - conforme escreveu o saudoso Dr. Guillon Ribeiro - "quão importante viria a ser a parte que caberia à mulher na obra, que então se encetava, de evangelização".

(3) "Reformador" de 1924, pág. 497.

Nessa memorável noite de 27, firmava-se entre os presentes o ideal de fundar-se uma Sociedade nova, que federasse todos os Grupos através de "um programa equilibrado ou misto" e que difundisse por todos os meios o Espiritismo, principalmente pela imprensa e pelo livro.

No primeiro dia de Janeiro de 1884, uma terça-feira, reunidos na residência de Elias da Silva (rua da Carioca, 120, 2º andar) alguns espíritas de fé e arrojo, entre os quais além da sogra e da esposa do chefe da casa, os Srs. Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manuel Fernandes Figueira, Francisco Antônio Xavier Pinheiro, João Francisco da Silveira Pinto, Romualdo Nunes Vitório, Pedro da Nóbrega, José Agostinho Marques Porto, era definitivamente instalada a FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA.

No princípio, as reuniões ordinárias da Diretoria, às quais compareciam também alguns sócios fundadores mais chegados à Sociedade, realizavam-se na residência de Elias, e só a partir de 17 de Dezembro de 1886 passaram a ser efetuadas na casa de Santos Moreira, numa sala gentilmente por ele cedida, já que Elias estava prestes a ausentar-se da Corte. Ainda por esse motivo é que Elias, reeleito para o cargo de tesoureiro em 2-1-1885 e 5-1-1886, pedia aos amigos, em fins de 1886, não o incluíssem na chapa para a eleição da nova Diretoria de 1887. Foi então substituído nas funções da Tesouraria pelo seu velho companheiro F. A. Xavier Pinheiro, mas o "Reformador" continuou ainda à rua da Carioca, 120. O nome de Elias, que mui raramente deixava de figurar nas Atas das sessões, não mais apareceu depois de 31 de Dezembro de 1886.

Retornando ao Rio de Janeiro, Elias volta a ocupar o cargo de tesoureiro, nas eleições de 2-3-1888. Foi este o último ano em que exerceu funções diretas na Diretoria, por sua própria deliberação. Mas isto não impediu que ele continuasse a freqüentar as sessões da FEB, ombro a ombro com os antigos companheiros de lides doutrinárias, com eles estudando um sem número de questões e problemas relacionados a pontos de Doutrina e à orientação geral do Espiritismo em nossa terra, além do que propagava da tribuna os princípios espiríticos.

Pode-se dizer que, quase até ao fim da vida terrena de Elias, a Federação Espírita Brasileira foi para ele o seu segundo lar, lar a que dedicou todo o seu amor e trabalho Elias residia ainda naquela mesma casa (agora sob o n.º 114) em que fora fundada a Federação. Minado o seu organismo pela tuberculose pulmonar (4), aguardava ele sobre uma cama a hora em que passaria desta vida.

(4) Foi a causa do falecimento, segundo a Guia de óbito da Santa Casa da Misericórdia WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. FEB, 1ª edição. RJ

No dia 18 de Dezembro de 1903 cessaram, afinal, os derradeiros esforços vitais do conceituado fotógrafo.

Fontes: Zêus Wantuil - Grandes Espíritas do Brasil

O Reformador e a Imprensa espírita:

Desde 1865 os espiritistas brasileiros sentiam a necessidade de propagar a novel Doutrina dos Espíritos através da imprensa, essa poderosa força que há séculos vem construindo ideais e demolindo impérios. Torna-se interessante assinalar a estreita ligação entre o Espiritismo e seu movimento, desde seu surgimento, e a imprensa, compreendendo também o livro. Allan Kardec utilizou-os desde o início dos trabalhos da Codificação com real proveito na divulgação dos novos conhecimentos.

O Brasil dos fins do século XIX era um fervilhar de ideias, conservadoras umas, revolucionárias outras. Os ideais republicanos e abolicionistas chocavam-se com a realidade, buscavam inspiração na experiência de outros povos e tornavam-se cada vez mais influentes, especialmente após a Guerra do Paraguai, com a fundação do Clube Republicano, em 1870.

O conservadorismo dos partidos políticos tradicionais do império ia sendo solapado gradativamente. Culminariam os acontecimentos com a abolição da escravatura em 1888, seguindo-se-lhe a queda do império e a proclamação da República, em 1889.

Transplantara-se para cá a filosofia positivista de Augusto Comte, logo acolhida por alguns intelectuais influentes.

O Espiritismo contava já com muitos adeptos, no Rio de Janeiro, na Bahia, em São Paulo e em outras províncias.

Algumas sociedades e grupos espíritas surgiram do esforço criativo e pioneiro daqueles que iam buscar nas fontes inspiradoras da Europa, especialmente na França, a orientação inicial para a implantação dos primeiros núcleos. Mas a barreira da língua limitava a uns poucos eruditos o acesso às obras originais francesas.

Em 1869 surgira na Bahia o primeiro órgão da imprensa espírita brasileira, infelizmente de pequena duração - pouco mais de um ano -, "O Echo d'AIém-Túmulo", fundado e dirigido por Luís Olímpio Teles de Menezes. A partir de 1875 aparecem as primeiras traduções das obras básicas da Codificação, graças aos esforços do médico Joaquim Car los Travassos, sob o pseudônimo de "Fortúnio".

A antiga Editora Garnier incumbiu-se das edições em língua portuguesa de "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns" e "O Céu e o Inferno", todos em 1875; em 1876 era editado "O Evangelho segundo o Espiritismo".

Os núcleos de estudo e prática do Espiritismo começam, então, a delinear seus rumos, com todos os percalços e dificuldades dos movimentos novos.

Diferentes tendências, incompreensões, personalismos não deixaram de influir também no nascente movimento espiritista brasileiro. Muitos trabalhadores, deslumbrados diante da beleza, da vastidão e da abrangência da Doutrina, no seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, deixaram-se, contudo, envolver pelas dissensões, por inexperiência.

Louváveis tentativas haviam sido feitas, no Rio de Janeiro, com o objetivo de propagar a Doutrina através da imprensa. Prova disso foi a "Revista Espírita", fundada e dirigida pelo Dr. Antônio da Silva Neto, vice-presidente do "Grupo Confúcio", a qual teve vida efêmera, aparecendo em 19 de janeiro de 1875 e desaparecendo ao fim de seis meses. Outro tentame foi a "Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade", que subsistiu de janeiro de 1881 a julho de 1882.

É nesse meio tumultuado que abnegado e tenaz seareiro português, fotógrafo de profissão, Augusto Elias da Silva, idealiza, funda e faz circular o REFORMADOR" - "Orgam Evolucionista", a serviço da Grande Causa.

"Abre caminho, saudando os homens do presente que também o foram do passado e ainda hão de ser os do futuro, mais um batalhador da paz: o "Reformador".

Com essas palavras iniciais apresentava-se, em 21 de janeiro de 1883, o novo órgão da imprensa espírita, terminando por afirmar, peremptoriamente, em seu primeiro editorial:

"Pelas considerações que acabamos de fazer e que constituem a nossa profissão de fé, os nossos leitores, coevos e vindouros, ficam cientes de que, alumiados pela luz da Doutrina Espírita, somos evolucionistas essencialmente progressistas."

Batalhador da paz, à luz do Espiritismo, com vocação essencialmente progressista, eis uma legenda feliz para uma obra ciclópica, com um marco inicial visível, mas sem limitação no tempo.

A diretriz inspirada ao fundador intimorato subsiste nos desdobramentos dos programas em que se empenharam todos os continuadores da obra, porque os compromissos assumidos são com a paz, em ação permanente, com a luz, que vem de Mais Alto e com a Doutrina que representa no mundo a revivescência da Mensagem Cristã.

Não importam, assim, as mil vicissitudes interpostas à jornada do lutador da paz e da luz. Importa, sim, a superação dos obstáculos, um a um, nessa sucessão dos anos, que já perfazem o primeiro centenário.

Empenhados nessa luta permanente estão os obreiros dos dois planos da Vida. A inspiração de Cima precisa dos executores dedicados, sejam eles talentos cultivados ou simples trabalhadores de boa-vontade, mesmo portadores de imperfeições humanas.

A trajetória secular do "Reformador" virtualmente se confunde com a própria história da FEB, da qual é o porta-voz e a representação do seu pensamento.

Suas milhares de páginas refletem o tríplice aspecto da Doutrina dos Espíritos. Sem descurar da vasta fenomenologia espírita e dos estudos científicos e filosóficos, sua inclinação natural é dar ênfase ao Espiritismo religioso, com seus aspectos morais profundamente vinculados ao Cristianismo revivido no Consolador.

Essa face, sempre presente no "Reformador", hoje está patenteada em seu frontispício - "Revista de Espiritismo Cristão" - como a lembrar, permanentemente, que seu objetivo primeiro é o de contribuir para a reforma moral do homem, segundo o Código deixado à Humanidade pelo Cristo de Deus.

Essa tarefa jamais foi fácil. Ao Mestre Divino tem custado sacrifícios e renúncias que estamos longe de compreender. A todos os seus emissários, em todas as latitudes e épocas, não têm faltado esforços e sofrimentos.

Não seria diferente a missão do Espiritismo, o Consolador prometido, aqui ou alhures.

Fontes: Juvanir Borges de Souza - Reformador (FEB) Dezembro de 1982

Fontes: Acervo Histórico Completo da Revista Reformador (1883 - 2019)

Fontes: Hemeroteca Digital Brasileira (Revista Reformador do ano 1883 a 1902)

"Não foi Augusto Elias da Silva, como alguns confrades supõem hoje, um homem inculto e incapaz de produções admiráveis, escritas ou faladas. Ao contrário, à fluência e correção da linguagem se casava um estilo pleno de beleza e vigor literários e profundo conhecimento da Doutrina dos Espíritos e de diferentes ramos do saber humano.

Quem quiser dar-se ao trabalho (que traz satisfação) de averiguar o que afirmamos, basta folhear as coleções antigas do "Reformador", onde encontrará alguns dos belos e instrutivos discursos por ele pronunciados.

Por ser Elias humilde e modesto ao extremo, por isso mesmo se retraía a ponto de não deixar se lhe conhecessem devidamente as qualidades, entre as quais a de excelente orador."

"Grandes Espíritas do Brasil", Zêus Wantuil, 2ª ed. FEB, pág. 182".

 

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